Vamos fazer um exercício de imaginação: visualize crianças se divertindo em um dos mais famosos jogos de rua, o famigerado “Mestre mandou”. A brincadeira consiste em uma criança se denominar como mestre, realizando movimentos para que as outras crianças os imitem ao longo do tempo. Nesse nosso contexto imaginário, a criança mais velha estava sempre no papel de mestre da brincadeira, enquanto as crianças mais novas respeitavam seu mandato. De repente, um guri miúdo de outro bairro aproxima-se à roda da brincadeira, observa a situação e decide não obedecer o primogênito, inventando suas próprias brincadeiras e, claro, levando consigo uma legião de crianças descrentes do modelo anterior.
Trazendo essa historieta para nosso contexto empresarial, a criança mais velha representa a geração X, nascida entre 1964 a 1980, substituta da geração Baby Boomers e, atualmente, presente nos cargos de liderança das grandes empresas. As crianças que fogem da roda tradicional são a representação da geração Y (1980-1994), que, por algum tempo, seguiram as regras do jogo da geração anterior mas, atualmente, já não sente essa obrigação. A geração Z (nascida a partir de 1995), concebida na história como criança rebelde, nem quis entrar na roda convencional, já estabelecendo suas próprias regras de mercado antes mesmo de conhecê-lo. Juntas, as gerações Y e Z estão invadindo os departamentos das empresas com seu conhecimento vasto em globalização e tecnologia, mas não estão compartilhando seu conhecimento como gostariam, pois a geração X ainda segura fortemente as rédeas, resistindo ao compartilhamento do posto. Em muitas empresas, o choque de gerações tem sido, como dizem nas redes, um choque de monstros!
Se você é geração X…Conte para nós: ao ler o exemplo acima, rolou alguma identificação? Você reclama da dificuldade para encontrar novos talentos, porque eles são, em grande maioria, indisciplinados, respondões e autoconfiantes demais? Os estagiários e trainees não fazem o que você manda, não saem da internet e não se concentram na reunião? A gente acredita na sua frustração com as novas gerações, mas não desista ainda! Segundo a entrevista que o doutor em comunicação Dado Schneider deu ao Murilo Gun em 2017, a geração X perde muito mercado ao desistir de interagir e aprender com a geração Y e Z, uma vez que a geração Y e Z possui menor foco, mas são extremamente ligados nas novidades e são proativos, lançando tendências de mercado, uma atrás da outra. Eles não gostam dos processos antigos, pois desejam – e são capazes de – aprimorar os processos da empresa. Percebe a vantagem? Então, aproveite!
Se você conta com colaboradores das gerações mais novas na sua empresa, invista em uma comunicação interna que aproxima, ensina e guia. Essa atitude de maior compreensão com as cabecinhas atordoadas de informação fará com que eles se sintam mais motivados e pertencentes ao ambiente da empresa, isto é, se sentirão ouvidos pelas cabeças da empresa. Posteriormente, entregue o briefing e deixe na mão deles. Com o constante desafio, as gerações mais novas se sentirão intrigadas e satisfeitas e você terá os colaboradores que sempre sonhou!
Se você é geração Y/Z…Para os guris que estão começando, Schneider também tem um conselho: sejam loucos, porém dentro dos limites oferecidos. Aproveite a internet para ter repertório político, cultural, acadêmico, social, econômico etc. Claramente, abuse do seu conhecimento sobre tecnologias e utilize os portais de comunicação interna corporativa para dar voz às suas ideias inovadoras! É possível, sim, modernizar o ambiente corporativo e ainda ser recompensado por fazer aquilo que gosta, basta utilizar a comunicação interna ao seu favor.
Recomendamos a entrevista de Schneider que motivou esse texto. Você pode assistir aqui. Por Helena Domingues Assessora de Comunicação