A importância da comunicação digital já é mais do que uma realidade, e a imprensa sabe disso. Não é a toa que muitos veículos migraram também para o ambiente on-line, aproveitando as oportunidades dessa audiência sempre conectada. Mas, com tanto conteúdo produzido diariamente, fica difícil acompanhar todo esse movimento digital e, assim, conseguir a atenção dos públicos se torna um desafio. Esse cenário é agravado pela crise de confiança que parece afligir diferentes regiões do planeta, como se vivêssemos em um filme com título ruim forçado pela autora tal qual “O ano que a confiança saiu de férias”.
Segundo a mais recente pesquisa Trust Barometer, realizada anualmente pela agência de comunicação Edelman, as mídias sofreram grave queda de credibilidade aos olhos da audiência. A pesquisa, que levanta como a confiança se manifesta em todo o mundo, apontou que a mídia é a instituição que perdeu mais pontos entre 2016 e 2017 no quesito confiança da população, comparada às ONGs, empresas e ao governo, que ainda ocupa a última posição no ranking (dados disponíveis no slide 21 da pesquisa).
Essa queda é ainda mais acentuada no que se refere às mídias tradicionais, e os resultados isolados do Brasil não foram diferentes do panorama mundial. Parece ainda mais preocupante a posição do quarto poder quando nos lembramos de crises políticas que assolam o mundo, fato que aparentemente impactou mais a imprensa do que os próprios governos no último ano. Onde a mídia tradicional não tem vez Na contracorrente dos primos mais velhos, as fontes de informações on-line ganharam força no mesmo período. De acordo com a mesma pesquisa, enquanto a mídia tradicional e as redes sociais perderam pontos entre 2012 e 2017, as ferramentas de busca, as mídias unicamente on-line e as mídias próprias se projetaram (slides 46 e 47 da pesquisa). Isso expõe uma possível tendência da população em reação às informações não confiáveis que vemos nas mídias sociais, que busca por informações de variadas fontes, muitas delas independentes.
As chamadas mídias alternativas são uma realidade e desempenham um papel social interessante ao mostrar pontos de vista mais variados. Inocentes seríamos em acreditar que também não carregam interesses e ideologias (assim como esse texto), mas de qualquer forma, a existência desses veículos comprova a liberdade que a internet promove ao ceder espaço para que mais vozes se manifestem como diferentes fontes de informação, ainda mais importantes em um contexto de crise generalizada de confiança nas instituições.
E não é desse cenário que as marcas também aproveitam para se projetar no mercado? Se há liberdade para todos nos tornarmos produtores de conteúdo na internet, nada mais natural que as empresas também aproveitem das plataformas virtuais para disseminar as mensagens a seu favor, como aquele site bacana que sua empresa criou, as redes sociais que a agência parceira gerencia, aquele blog que ganha um artigo novo toda semana ou mesmo as campanhas de adwords ou inbound marketing que são criadas para captar novos contatos. Nesse poderoso contexto, cabe a nós, enquanto produtores de conteúdo – marcas e profissionais da área – criarmos formas de nos envolver e conectar honestamente com os públicos, para não seguirmos o mesmo caminho trilhado nas outras mídias. Por Marília Néspoli Assessora de Comunicação