A gramática é normativa. Em qualquer escola, ao aprendermos a ler e a escrever a língua portuguesa, nos são ensinadas inúmeras regras (e o dobro de exceções também) para falarmos o idioma culto. Mas, sendo uma manifestação cultural, inserimos e alteramos elementos da língua conforme nossos hábitos. Não é à toa que o português falado no interior de São Paulo é diferente do português do Recife. As diferenças também são gritantes quando analisamos variados ambientes sociais, como uma universidade, que apresenta uma linguagem acadêmica e elitista. A linguagem é suscetível ao tempo, local e ambientes na qual é falada.
A evolução da linguagem implica também em mudanças na gramática, ainda que em passos lentos. Todo mundo já ouviu o exemplo do termo “você”, que foi derivado ao longo do tempo em vossemecê, vosmecê, vancê, entre outros, até chegarmos no que falamos hoje. Outro exemplo é o acordo vigente em diferentes países falantes da língua em 2016, que gerou mudanças na ortografia na tentativa de unificar o idioma.
E, para quem está acostumado com as regrinhas gramaticais, pode ser uma novidade saber que já não há distinção entre pronomes esse e este. Sempre aprendemos que devemos utilizar este, esta e isto para objetos que estão perto da gente ou que serão mencionados loga a seguir, enquanto esse, essa e isso se referem ao que está perto do outro. Mas as coisas mudaram.
Segundo o linguista e professor da UnB Carlos Bagno, no cotidiano, já não faz diferença pro falante usar um ou outro termo.
“Nenhum falante de português brasileiro contemporâneo ‘sente’ uma diferença entre ‘este’ e ‘esse’. E quem manda na língua é o falante e seu ‘sentimento linguístico’. Não existem barreiras capazes de impedir que a língua mude quando esse ‘sentimento’ mudou”. (Carlos Bagno para o site brasiliários.com)
Compromisso marcado na agenda Há um ano, a Multivias Comunicação incluiu na agenda semanal uma aula de português, ministrada por consultores de nossa cliente CCLi Consultoria Linguística. As aulas são voltadas para o aprimoramento da competência linguística de todos os colaboradores que trabalham com produção de conteúdo. “É fundamental nossa equipe ter um momento da semana para pensar nos múltiplos aspectos da língua portuguesa, aplicando depois esse conhecimento em suas atividades do dia a dia”, avalia Ligya Aliberti, diretora da Multi.
Além de aulas temáticas com nossas dúvidas ortográficas, a equipe é incentivada a melhorar a redação persuasiva, habilidade necessária nas soluções da Multi. Para o consultor linguístico Pedro Freire, que ministra as aulas gramaticais na Multivias, a iniciativa da empresa é valorosa. “Em qualquer empresa, nós utilizamos a língua portuguesa na hora de nos comunicar, seja no âmbito escrito, seja no falado. Percebemos vários problemas que são frutos de uma comunicação mal feita nas empresas, então essa preocupação é indispensável”, explica. Por Marília Néspoli Assessora de Comunicação